segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Emboscada

A bruma fria das manhãs
O sabor metálico do sangue em minha boca
As dores e hematomas sobre meu corpo
Antes forte, agora já tão fraco

Os músculos cansados, trêmulos
A respiração rápida, ofegante
O odor impregnante do suor
Misturando-se às lágrimas

A secura dos lábios
O cansaço nos olhos
O tempo arrasta-se preguiçosamente
O pulo da fera na garganta

Dentes atacando, língua procurando
O gosto salgado da carne
A acidez do sangue, o áspero osso
Buscando pela vida

Abismo

Músculos em chamas
Ácido suor
Lágrimas de sangue
Sobre a ferida pele

Tão difícil respirar
Tão difícil resistir
À força da fraqueza
E às fraquezas da força

Coragem, intrepidez
Há nesse mundo
Coração forte o suficiente
Para seus medos vencer?

Em águas profundas mergulhar,
Para nunca mais voltar
Bravura ou covardia?
Arrependimento ou alívio?

Canção dos Mortos

O orvalho caído
Sobre a pele, como
Sobre a pétala
Pálido, sob o luar

As pálpebras cerradas
Sobre olhar tão vazio
Sobre alma tão ausente
Frias, gélidas como a neve

Os lábios rígidos
Descorados,
Entreabertos,
Em final suspiro

Vermelho sobre o branco
Corrompendo o incorruptível
Raiva sobre a Pureza
Juntos, pecado e santidade