segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Mensagem Final

Queda infinita em teu olhar
Grandioso vácuo se instala
Onde uma vez a alma a cantar
Divertia, agora cala

Como, em seu último momento
Conseguiu curvar os lábios a sorrir?
Como se soubesse que tal tormento
Em meio a agonia me faria refletir

Tua voz, que me envolve
E que agora me abandona em pranto
Ainda surgirá na lembrança que me devolve
A suavidade de teu doce canto

Com o último suspiro, a nota final
Sem qualquer melodia, qualquer piedade
Denuncia o autor do golpe fatal
E me condena ao fim da liberdade

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Life

What’s your reason to fight?
Everyone’s already corrupted
And if your eyes shine so bright
It only means you have too much to hide

Let your happiness flow
While you’re not contested
Don’t let yourself grow
Away from all your previous goals

Death’s here, and it’s here to stay
Don’t deny, you’re all disturbed
By the reality of fading away

Death’s here, and it’s here to stay

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ofélia

Suspeita morte, essa tua
Como Ismália buscou a lua
A beleza das flores procurou
E mesmo destino encontrou

Embalada por doces canções
Depois privada de ásperas orações
Tanto perde e tanto ganha
Agora nada mais estranha

Tua alma pura e santa
Por ódio e vingança alheios desanda
Atormentada, nunca corrompida
De toda maldade despida

Ache no vazio o que lhe foi negado
Ache em meio ao frio teu desagrado
E após o fim entenda a lição

Que em vida não maculou teu coração

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Emboscada

A bruma fria das manhãs
O sabor metálico do sangue em minha boca
As dores e hematomas sobre meu corpo
Antes forte, agora já tão fraco

Os músculos cansados, trêmulos
A respiração rápida, ofegante
O odor impregnante do suor
Misturando-se às lágrimas

A secura dos lábios
O cansaço nos olhos
O tempo arrasta-se preguiçosamente
O pulo da fera na garganta

Dentes atacando, língua procurando
O gosto salgado da carne
A acidez do sangue, o áspero osso
Buscando pela vida

Abismo

Músculos em chamas
Ácido suor
Lágrimas de sangue
Sobre a ferida pele

Tão difícil respirar
Tão difícil resistir
À força da fraqueza
E às fraquezas da força

Coragem, intrepidez
Há nesse mundo
Coração forte o suficiente
Para seus medos vencer?

Em águas profundas mergulhar,
Para nunca mais voltar
Bravura ou covardia?
Arrependimento ou alívio?

Canção dos Mortos

O orvalho caído
Sobre a pele, como
Sobre a pétala
Pálido, sob o luar

As pálpebras cerradas
Sobre olhar tão vazio
Sobre alma tão ausente
Frias, gélidas como a neve

Os lábios rígidos
Descorados,
Entreabertos,
Em final suspiro

Vermelho sobre o branco
Corrompendo o incorruptível
Raiva sobre a Pureza
Juntos, pecado e santidade

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Delírio

Asas frágeis e pálidas
Em um doce sonho envolvente
Tuas risadas curtas e flácidas
Ainda farão-me demente

Alucinação atormentadora
Sugando de mim a vida
Desprezada pela canção desoladora
Em que minha alma se via envolvida

Arranha a garganta grito tenebroso
O silêncio de desespero preenchendo
A realização do fato doloroso
A verdade aparece corroendo

A impureza do delírio decrépito
Seduz mais que a candura recém nascida
E se espalha, fétido
Pela tola alma corrompida